a exposição ou o ccb e a festa da música

quem teve a "excelente" ideia de ir ao ccb este fim de semana não imaginou no que se ia meter.
só queria ver a exposição da senhora sul americana que sofreu um traumatismo na coluna ainda jovem mas algo de mais "grandioso" acontecia: a festa da música!
á entrada já velhinhas, betos e tias se degladiavam por bilhetes do concerto 16, 75 e 43, como quem troca cromos do mundial de 86.
e valia tudo, desde furar filas a vender bilhetes na candonga.
era ver as malas de padrão escocês com nome de perfume a abarrotar de sandes de coirato.
era ver os tios de fato feito à medida na fila para as "minis".
era ver os bernardos, marianas, afonsos, constanças e diogos a levarem chapadas ao som de: "já lhe disse para estar quieto! ouviu martin de santa maria d'orey e menezes albuquerque mouzinho silveria de bourbon????
era ver apoiantes de verdi com as montblanc de 12.000€ compradas na avenida da liberdade a escrever nas paredes das casas de banho: bach toca os allegro andantte como um herege que pratica actos contra natura! ou a mãe do chopin exercia o meretrício e o pai o lenocínio!
era ver as tias e betas com as mais recentes joias da cartier e casacos de vison russo, no mosh quando um enérgico "violinista" da moda ataca nas nocturnas de chopin (aí santana... o que a cultura ganhou contigo...).
enfim... uma orgia barroca digna de uma feira do relógio ou dos saldos de roupa interior extra larga no intermarché do cacém.

se acham que estou a exageram deviam ter ido lá.

claro que teriam de passar pela apertadíssima segurança que dois catitas da lapa faziam à porta do recinto, em busca de latas de caviar, champagne ou afins, para evitar os incidentes do passado mês na ópera de bizet, em que a vocalista levou com um par de trufas brancas na testa, por ter desafinado no coro dos ferreiros.

concerto



na sexta feira fui a um concerto e cada vez me convenço mais que estou velho.
não. não estou a falar das dores nas pernas, no sono de fim de semana de trabalho ou nos ouvidos a zumbir.
estou a falar da atitude da multdão à minha volta.
eu já fui fotógrafo no activo a quem calhavam as "estopadas" dos concertos e festivais (pois todos os colegas eram casados, namoravam, iam ao cinema, ao teatro, enfim tinham vida própria...).
e que via eu? gente aos saltos, alegre, a curtir a música, a ver o espectáculo, a enrolar charros, a beber cerveja, abanar isqueiros no ar ao som das canções mais melosas, a cantarolar as músicas ou no "mosh".
mas os tempos mudaram e hoje vai-se a um concerto por razões diferentes.
e passo a enumerar:

1) fazer fotos com o telemóvel,
2) gravar músicas com o telemóvel ou leitor de mp3 sofisticado,
3) fazer videos com o telemóvel ou mini dv ou o raio que o parta, e
4) rever durante o espectáculo as fotos e videos conseguidos na música anterior.

conclusão: estava eu feito cota de mãos nos bolsos e cigarro no canto da boca, a olhar para o palco no meio de centenas de jovens não fumadores a carregarem nos botõezinhos dos aparelhómetros feitos "cyborgues" de segunda categoria (pois não tiveram dinheiro para implantarem na testa um telémóvel de 3ª geração com acesso à internet e multimédia center).

ah! os gift fizeram um espectáculo fabuloso em que incluiram uma música de Joy Division. a primeira parte foi excelente com um grupo galego que num mesmo registo revivalista tocou uma música de smith's (no meio daquele povo todo devia haver uma ou duas pessoas que reconheceram essas duas músicas como sendo versões de grupos mais antigos. lá para a pré-história musical... antes dos mp3, telemóveis, computadores, playstation, mtv e morangos com açucar...)

sexy



altas horas da noite e o gás acaba.
sendo suburbano e conhecendo os "spots" abertos 24 horas do bairro, lá me desloco de bilha ao ombro a caminho da bomba de gasolina.
de costas cansadas pela bilha velha vazia, lá negoceio fazer um "upgrade" para o novo recipiente de gás.
mais 5€, preencher um formulário, etc... etc...
venho para casa mais ligeiro.
mas sem me sentir sexy.

será que a bilha nova só funciona com o mulherio?