concerto



na sexta feira fui a um concerto e cada vez me convenço mais que estou velho.
não. não estou a falar das dores nas pernas, no sono de fim de semana de trabalho ou nos ouvidos a zumbir.
estou a falar da atitude da multdão à minha volta.
eu já fui fotógrafo no activo a quem calhavam as "estopadas" dos concertos e festivais (pois todos os colegas eram casados, namoravam, iam ao cinema, ao teatro, enfim tinham vida própria...).
e que via eu? gente aos saltos, alegre, a curtir a música, a ver o espectáculo, a enrolar charros, a beber cerveja, abanar isqueiros no ar ao som das canções mais melosas, a cantarolar as músicas ou no "mosh".
mas os tempos mudaram e hoje vai-se a um concerto por razões diferentes.
e passo a enumerar:

1) fazer fotos com o telemóvel,
2) gravar músicas com o telemóvel ou leitor de mp3 sofisticado,
3) fazer videos com o telemóvel ou mini dv ou o raio que o parta, e
4) rever durante o espectáculo as fotos e videos conseguidos na música anterior.

conclusão: estava eu feito cota de mãos nos bolsos e cigarro no canto da boca, a olhar para o palco no meio de centenas de jovens não fumadores a carregarem nos botõezinhos dos aparelhómetros feitos "cyborgues" de segunda categoria (pois não tiveram dinheiro para implantarem na testa um telémóvel de 3ª geração com acesso à internet e multimédia center).

ah! os gift fizeram um espectáculo fabuloso em que incluiram uma música de Joy Division. a primeira parte foi excelente com um grupo galego que num mesmo registo revivalista tocou uma música de smith's (no meio daquele povo todo devia haver uma ou duas pessoas que reconheceram essas duas músicas como sendo versões de grupos mais antigos. lá para a pré-história musical... antes dos mp3, telemóveis, computadores, playstation, mtv e morangos com açucar...)

7 comentários:

Anónimo disse...

chamam-se groupies. têm rabos de cavalo e rabos gordos. saltam-nos em cima dos pés e coreografam a música de uma forma compenetradíssima, de mãos nos cabelos, mãos estendidas a alcançar o ar, em mensagens subliminares para o palco onde, acreditam, lhes ligam alguma coisa. isto entre o pior ângulo captado pela máquina de duzentos contos. entre uma e outra gravação das músicas, que têm em cd, que já viram em tantos concertos, e que não curtem presencialmente uma única vez. não no calor da ligação a quem está lá em cima. são cyborgs. são computados. são crianças tristes.

que não percebem a magia de "there is a light that never goes out" porque só conhecem o que decoraram em casa, agarrados aos sites de fãs. não sentem medo de fechar os olhos para sentir a música e perderem parte do que se passa ali em cima. não sentem.

Anónimo disse...

depois de ler isto tudo, o mais cómico é que a polegarzita me telefonou a meio do concerto! e eu ouvi o barulho e a música. provavelmente não foi de propósito, o telemóvel devia estar desbloqueado por engano e ligou para mim.
mas é curioso. :P

Anónimo disse...

estamos mesmo a ficar velhos, só vi um isqueirito no ar...
PS. Gosto dos teus desenhos, a sónia tavares está parecida ;)

Anónimo disse...

colher: barulho? barulho?!?!?! eu te conto da próxima que quiser partilhar contigo um momento bonito! :P

detalhes de mim: engano teu... estavam lá mais. mas era complicado de distinguir os isqueiros das... lanternas de telemóvel!! :S

Anónimo disse...

Nós velhos?! Talvez, mas ainda saudáveis!!!

Beijos Grandes, B.

Anónimo disse...

polegar: entre pisadelas e histerismos juvenis (que incluiram um mosh... meu deus...) foi um bom concerto certo??? :)

colher de chá: tss... tss... telemóveis desbloqueados... lol

detalhes de mim: então viste-me... eu acendi o isqueiro... lol

B. : velhos são os trapos LOLOL saudáveis... tem dias LOLOL

Anónimo disse...

caro espanta, um concerto fantástico. aliás, nós somos experts em grandes experiências ;)