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sempre tive pavor de motas.
aprendi a andar de bicicleta aos 21 numa pasteleira pequenina cor de rosa.
a segunda vez que peguei numa bicicleta fiz 8km em duas horas!
um mês depois fazia o mesmo caminho em quinze minutos.
chegado aos 25 fiquei sem o meu carro.
malditas sejam as inspecções períodicas obrigatórias.
andei de metro, comboio e autocarro.
um dia na galhofa com um colega de trabalho perguntei-lhe se vendia a mota dele.
nããããããããããã... responde ele.
avisei-o: se a venderes é para mim... mais gargalhadas...
entretanto em trabalho conheci pela primeira vez a Elisabete Jacinto.
aprendeu a andar de mota muito tarde e ia fazer o dakar pela primeira vez.
...
meses depois o meu colega perguntou-me: sempre queres comprar a mota?
ahhhhhhhhhhh... sim.... respondi.
comprei com a condição de ficar na garagem dele até tirar a carta.
demorou 4 meses...
tinha 27 anos.
já com a carta tive de esperar 2 semanas para a poder conduzir pois dinheiro para o seguro ainda não havia.
o capacete custou 3.000$00 numa loja obscura da baixa e era um tamanho acima do meu.
ao segundo dia apanhei uma chuvada.
era dia 1 de agosto!
desde aí é um vício quase diário.
uma necessidade de deslocação que é um prazer.
dei duas quedas entre as duas motas.
uma para cada.
pesadelos.
medos.
mas quem me diz que consigo deixar de andar de mota?
faça frio, faça calor, faça nevoeiro ou muito vento, lá ando eu.
com chuva tento evitar.
mas nenhum objecto me fez rosnar entre dentes "i'm the king of the world..." (à lá kevin sapcey na beleza americana e não como o outro bonitinho do barco...) como a velha e estoirada laranja de escape esburacado e ferrugento.
agora está parada, coberta de panos numa casa no sul do país à espera de alguns euros valentes para a meter a andar de novo para meu prazer e alegria.
veio a outra.
preta, cromada, uma clássica.
o meu punto de luxo com ar condicionado natural e amigo do ambiente, que me faz furar as filas do subúrbio para a capital.
a minha liberdade e alegria na estrada.
o receio continua, mas o sorriso maior a cada vez que dou ao botão e o motor começa a tremer.
cada vez que os pés deixam o chão num vôo raso entre espelhos e caras cinzentas dentro de caixas de metal.
estou viciado e só recentemente percebi uma coisa.
sou motard.

p.s. a definição de motard seria um outro post. isto pq a palavra me cria sempre engulhos.
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1. colher de chá on 1:24 AM
e ser um motard afinal significa o quê? que gostas de motas, que as usas, que não as trocavas por nada, que te dão a liberdade que precisas ao fim do dia? óptimo, tb quero ser motard. mas de vespa, q as acho uma delícia. :)
és um motard de categoria. vestes de preto mas tens estilo. o teu casaco fica-te a matar e o capacete é um requinte. adoro.
ahh o desenho tá lindo. pareces mesmo tu!
2. B. on 12:24 PM
A minha paixão começou bem mais cedo (acho que mesmo antes de começar a andar pelo meu pé, dizem os mais antigos!) mas também nunca passou!
As quedas já foram mais que duas e umas deixaram mazelas até hoje, mas também não foi isso que amainou a "chama da paixão". Sei perfeitamente do que falas e o teu post fez-me borboletas na barriga!
Vicio? é provável!

Um grande beijo desta viciada de ressaca!!
B.
3. polegar on 5:48 PM
passei anos a ver passar as bicicletas na praceta. davam-me boleia às escondidas da minha mãe para dar a volta aos carros estacionados no centro. eu voava sentada no ferro da bicicleta branca da Paulinha. aprendi a andar (mais tarde que a maioria dos meninos) num jardim fechado, num pequeno caminho entre relvados em que mal dava para apanhar balanço ou fazer uma curva. com as mãos dos meus pais a darem-me mais medos. olhava pelo portão e queria fugir, mas não deixavam por causa dos carros. depois desisti de andar, porque ali não. a minha irmã aos 3 anos recebeu uma Honda R a bateria, toda "croma", de plástico, igual às originais mas com rodinhas. eu espremia-me com os meus redondos 9 em cima dela. depois desisti porque já não cabia. foi para a minha prima, que lhe deu uso nos grandes descampados da sua quando a minha já tinha ferrugem e eu mais que idade para estrebuchar, saí para a rua pela primeira vez, até ao largo da feira. voltei e desisti. sempre quis andar de mota. viajei sempre à pendura, dependente da sabedoria e da vontade dos outros. uma vez tentei andar. tirei os pés do chão e fiz o sorriso parvo do costume. usei um bólide como se fosse uma acelera, mas ganhei confiança. até que fui parar ao chão e desisti. só porque não era minha para estragar. aguardo o meu momento... e o recente acontecimento de perder o carro é um chamamento à tentação. mas por enquanto o vento na cara chega-me. quem sabe um dia...
4. macaso on 10:08 PM
Eu tive uma vespa...fantástica. Tive um grande amor que nasceu da tentativa da compra de outra mota, uma 125. Depois o amor passou e a vontade de andar de mota também. Hoje deu-me mesmo vondade de andar, andar muito, continuar, sempre, sem parar. Tinha que ser hoje, tinha que ser.
5. miak on 10:36 AM
Também tenho medo...do escuro e de andar de mota...

Mas o ruído...e especialmente o vento...trazem-me serenidade...

Na liberdade, liberto-me do medo...

Estou a tentar mudar de casa. Podia parecer lógico ter todo o tipo de preocupações. Que o Banco não aprove o crédito, que os juros aumentem, blá, blá...

Mas o meu maior desejo...é que esta nova aventura não me obrigue a vender a mota!!!
6. mill on 4:40 PM
:)
sorri tanto!!!!

tb gosto muito mas já c a carta tirada, continuo c a minha menina sky à espera de verba p uma q me permita viagens mais longas

lá chegarei, espero :)
7. espanta_espiritos on 4:08 PM
colher de chá: força boneca de vespa :D

B: quando quiseres matar saudades é só pedir uma boleia :)

polegar: devagar se vai ao longe. continua a tentar. um dia quem sabe se não fazemos umas corridas :P

miak: não sei se consegui vender nenhuma delas... espero que não o faças... bolas... :(

mill: boas curvas com a sky e obrigado pelo comentário :)

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